domingo, 24 de junho de 2012

PRESIDENTE DO EQUADOR DIZ QUE RIO+20 FOI UM "FRACASSO"


O presidente do Equador, Rafael Correa, disse neste sábado que a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) que terminou na última sexta no Rio de Janeiro, foi um "fracasso" e classificou a declaração final como "lírica". Em seu relatório semanal de trabalhos transmitido hoje, o governante equatoriano disse que no evento do Rio de Janeiro não houve ações concretas. "A reunião foi um fracasso, o documento final foi lírico, não há concretizações, compromissos concretos, mensuráveis ou controláveis, portanto tudo continuará igual", disse. O governante ainda garantiu que as responsabilidades no impacto ambiental são "comuns, mas diferenciadas".
A ministra coordenadora do Patrimônio, María Fernanda Espinosa, afirmou ontem que o governo do Equador está "decepcionado" com a Conferência Rio+20, por acreditar que seu documento final não cumpre com as expectativas criadas e estabelece um quadro fraco. "É um documento que não responde a necessidade de um compromisso político resolver a crise ecológica em nível planetário", disse María Fernanda em entrevista coletiva. A ministra ainda criticou a ausência no texto de compromissos financeiros dos países ricos para ajudar nações em desenvolvimento e dedicar 0,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB) à cooperação, assim como de mecanismo para a transferência de tecnologia.
O Equador tinha pedido uma flexibilização das regras de propriedade intelectual para tecnologias "amigas do meio ambiente", o que não ocorreu por causa da oposição das empresas multinacionais, segundo María Fernanda. Dessa forma, o país sul-americano se alinhou com representantes da Cúpula dos Povos, evento paralelo na cidade, que ontem transmitiram ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sua "frustração" com a Rio+20.
Ban respondeu que a declaração do evento é um bom documento e que "o mais importante não são as palavras, mas a implementação" dos princípios. Para a ministra, alguns elementos positivos do texto são a inclusão da natureza como sujeito de direito, do papel da cultura no desenvolvimento e da ênfase no combate à pobreza e desigualdade.
Sobre a Rio+20 
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro voltou a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que termina hoje, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Nesta sexta, o Segmento de Alto Nível faz sua última plenária e encerra a Rio+20 com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas. Em um dos discursos mais esperados, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, defendeu os direitos reprodutivos das mulheres e uma economia de inclusão como garantia de prosperidade.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro

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