Em
tempos de Rio+20, empresas e instituições se esforçam para mostrar ao mundo sua
versão “verde”. O momento apropriado para a Coppe/UFRJ lançar a segunda versão
de um ônibus movido a hidrogênio - uma versão radicalmente diferente dos
veículos movidos a diesel ou outros tipos de motores a combustão. O instituto é
o único centro de ensino e pesquisa com um estande montado dentro do Parque dos
Atletas, um dos locais principais da conferência. O braço principal da
engenharia da UFRJ, a Coppe, desenvolveu a tecnologia em parceria com a Tracel,
uma empresa privada criada exclusivamente para esse projeto.
Veículos
a hidrogênio são testados há pelo menos uma década na Europa. Em 2006,
começaram a ser testados 30 coletivos em diversas cidades do continente. Em
2010, uma nova versão foi lançada. Segundo a Coppe, a novidade brasileira é a
redução do uso do hidrogênio. Enquanto na Europa se gasta 14 quilos do gás para
100 quilômetros rodados, no Brasil são cinco quilos.
“O
ônibus é viável hoje. Não se trata mais de uma questão tecnológica, mas
comercial e financeira. Não há mais barreira tecnológica para usar o ônibus a
hidrogênio”, afirmou o coordenador do laboratório de Hidrogênio da Coppe, Paulo
Emílio Valadão de Miranda. Esses coletivos têm tomadas para recarregar os
dispositivos dos passageiros e internet sem fio.
Segundo
Miranda, os governos estadual e federal são simpáticos ao projeto. “Mas os
caminhos para transformar simpatia em algo efetivo às vezes não são os muito
simples”, afirmou Miranda, para quem uma possível solução para viabilizar o
ônibus economicamente passaria por um incentivo governamental. Isso se daria
através de uma legislação que exigisse uma frota de veículos não poluentes.
Segundo
o diretor executivo da Tracel, José Lavaquial, há interessados na compra da
tecnologia. Os coletivos que já circulam pelo país podem ser adaptados. Não é
necessário que se compre um novo ônibus para que ele seja movido a hidrogênio.
Caso um empresário tenha interesse em renovar a frota, o valor a ser
desembolsado pelo ônibus será caro. No Brasil, ele custa um milhão de reais. Se
comparado a Europa, o valor parece menos pesado. No continente europeu, custa
um milhão de dólares.
O
problema para tornar a frota brasileira sustentável esbarra nas estações de
abastecimento de hidrogênio. No Rio, por exemplo, não há onde abastecer. No
mundo todo, existem 350 desses postos, o que demonstra uma necessidade de se
investir mais em transportes não poluentes. A existência de um ônibus a
hidrogênio por si só demonstra um avanço no uso de energia limpa. A expectativa
é de que a vitrine da Rio+20 impulsione a viabilidade.
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