A
descoberta de gás metano (CH4) em Marte, há nove anos, causou grande entusiasmo
na comunidade científica. Muitos viram a presença desse gás como uma clara
evidência de vida no planeta, já que na Terra o metano é produzido
predominantemente por processos biológicos, como a decomposição de matéria
orgânica. Projeções calculam que atualmente exista entre 200 a 300 toneladas de
metano em Marte.
Outros
pesquisadores indicaram que o gás é resultado de processos geológicos como os
vulcões. Nenhuma dessas hipóteses foi claramente comprovada até agora.
Um
grupo de pesquisadores do Instituto Max Planck em Mainz, na Alemanha, e das
universidades de Utrecht e Edimburgo, trouxe uma nova explicação para a
presença do gás metano em Marte: eles acreditam que ele tenha se originado de
irradiações ultravioleta provocadas por meteoritos que atingiram o planeta
vermelho.
Experimentos
— Para chegar aos resultados, os pesquisadores irradiaram luz ultravioleta em
um meteorito que de 4,6 bilhões de anos que caiu na Terra em 1969, na cidade
australiana de Murchison.
Os
autores explicam que esse meteorito contém alta porcentagem de carbono e tem
composição química similar à maioria da matéria meteórica que chega à Marte.
Os
pesquisadores também usaram condições ambientais idênticas às de Marte para a
irradiação UV, e observaram que consideráveis quantidades de metano saíram do
meteorito quase imediatamente. Com esses resultados, eles chegaram à conclusão
de que os compostos carbônicos do meteorito são decompostos pela alta energia
da radiação UV e as moléculas do metano são formadas nesse processo.
"O
metano é produto dos pequenos micrometeoritos e partículas de poeira
interplanetária que chegam à superfície de Marte", explica Frank Keppler,
coordenador do estudo publicado na revista Nature. "A energia vem da
radiação ultravioleta extremamente intensa."
Ao
contrário da Terra, Marte não tem camada de ozônio protetora para absorver a
radiação UV do espaço.
A
produção de metano depende da temperatura — Com a temperatura do planeta
vermelho varia de - 143 ºC nos polos a 17º C positivos no equador de Marte, os
cientistas também analisaram as amostras de meteoritos em temperaturas
apropriadas. Quanto mais quente, mais metano é liberado pelos fragmentos do
meteorito.
Os
resultados obtidos pela equipe de Frank Keppler deveriam derrubar todas as
teorias que acreditavam na origem biológica do metano. No entanto, os
pesquisadores afirmam não poder excluir completamente a hipótese que defende
que micróbios marcianos produziam metano.
Eles
explicam que, embora o processo encontrado pelo estudo seja inevitável, é bem
possível que processos adicionais contribuam para a produção de metano.
Os
pesquisadores esperam que o Curiosity, o laboratório que a Nasa enviou para
Marte e que deve chegar ao planeta no início de agosto, traga mais detalhes da
formação de metano e talvez esclareça se existe ou não vida no planeta
vermelho.
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