Pesquisadores
dos Estados Unidos e de Cingapura identificaram as células que provocam o
câncer de colo do útero, uma descoberta que pode abrir novos coaminhos para a
prevenção e o tratamento desta doença. O estudo, publicado nesta segunda-feira
no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), foi
desenvolvido no Hospital Brigham and Women, da Universidade de Harvard, e na
Agência de Ciência, Tecnologia e Pesquisa (A-STAR), em Cingapura.
O
coordenador do estudo, Christopher Crum, explica que algumas células do colo do
útero podem se tornar cancerosas quando infectadas pelo papilomavírus humano
(HPV), e outras não. Até agora, sabia-se que a maioria dos casos de câncer de
colo do útero era causada por cepas do HPV, e nesse trabalho os pesquisadores
determinaram o grupo específico de células que o HPV ataca. "Descobrimos
uma pequena população de células que se encontra em uma área específica do colo
do útero, que poderia ser responsável pela maioria, se não por todos os
cânceres associados ao HPV no colo do útero", diz Crum. Estas células
ficam perto da entrada do colo do útero, em uma região entre o útero e a
vagina, conhecida como junção escamocolunar.
Leia
também: Número de mortes por câncer de útero aumentou
Remanescentes
— De acordo com os pesquisadores, essas células são remanescentes do processo
de divisão celular e crescimento que ocorre quando o embrião se torna feto.
"Há uma população de células no colo uterino que desaparece durante a vida
fetal e é substituída por outro tipo. Descobrimos que um pequeno número destas
células não desaparece e permanece ali, quase como pequenas sentinelas de uma
idade anterior", diz Crum. "Parece que esse grupo particular de células
embrionárias remanescentes é a população que se infecta, pelo menos na maioria
dos casos, em que ocorrem os cânceres e pré-cânceres importantes".
Segundo
os pesquisadores, conhecer a biologia dessas células e sua localização pode
ajudar os médicos a determinar quais lesões pré-cancerosas no colo do útero
requerem tratamento, assim como prevenir o câncer por completo mediante a
destruição destas células de antemão. Ainda de acordo com os autores, estudos
adicionais serviriam para identificar a existência de populações de células
similares em outras áreas do corpo que são afetadas por cânceres relacionados
com o HPV, como pênis, vulva, ânus e garganta.
Vírus
— Acredita-se que os subtipos de HPV 16 e 18 sejam responsáveis por cerca de
70% de todos os casos de câncer de colo do útero no mundo, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda de acordo com a OMS, o câncer de colo
do útero é o terceiro câncer mais comum entre mulheres no mundo, e atinge cerca
de 530.000 pessoas do sexo feminino a cada ano. Destas, 275.000 morrem vítimas
do câncer.
No
Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de
colo do útero será o segundo tipo da doença mais prevalente entre mulheres em
2012, e deverá atingir 17.540 pessoas do sexo feminino neste ano.
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