RIO - A Europa deu seu último passo em direção a uma missão espacial para investigar o "universo negro". Anunciou o lançamento do telescópio Euclides, que vai olhar com mais profundidade o cosmos em busca de pistas sobre a natureza da matéria e da energia escura. Apesar de esses fenômenos dominarem o Universo, os cientistas admitem ainda saber muito pouco sobre eles. Membros da Agência Espacial Europeia (ESA) tomaram a decisão em um encontro em Paris, e o Euclides deve estar pronto para ser lançado em 2019. O lançamento dará à Europa uma vantagem importante numa área-chave da astrofísica.
Os países que integram a ESA já haviam
selecionado o telescópio como um projeto importante em outubro do ano passado,
mas a decisão tomada na última terça-feira na capital francesa pelo Comitê de
Programa em Ciência (SPC) representa que o financiamento e os meios técnicos
para levá-lo adiante estão garantidos.
O custo estimado para a ESA construir,
lançar e operar o Euclides é de mais de 600 milhões de euros. Os estados
membros garantem que o telescópio terá uma câmera de comprimento de onda e uma
câmera de infravermelho próximo, elevando o custo provável de todo o esforço para
mais de 800 milhões de euros.
Os Estados Unidos receberam uma
proposta, e aceitarão, para uma participação júnior na missão, avaliada em
cerca de 5%. A Agência Espacial Americana (Nasa) pagará pela participação
fornecendo as guias para os detectores de infravermelho necessários para o
Euclides. Um memorando de entendimento será assinado entre as agências.
- Temos negociado um texto detalhado
com a Nasa, que ambas as partes consideram final, e está pronto para a
assinatura - disse à BBC Fabio Favata, chefe de planejamento científico da ESA.
- Isso significa que um número pequeno e proporcional de cientistas americanos
serão recebidos no Consórcio do Euclides.
O consórcio é a equipe que terá acesso
aos dados do Euclides. Uma das principais tarefas do telescópio será mapear a
distribuição de matéria escura, a que não pode ser detectada diretamente, mas
que os astrônomos sabem que esta lá por causa de seus efeitos gravitacionais
sobre a matéria que podemos ver.
Galáxias, por exemplo, não poderiam
manter a sua forma se não fosse a presença de alguns "andaimes"
adicionais. Isso, presume-se, é a matéria escura. Embora este material não
possa ser visto diretamente, o telescópio pode traçar a sua distribuição
observando a forma sutil como sua massa distorce a luz que vem das galáxias
distantes. O Hubble fez isso num pequeno pedaço do céu - apenas dois graus
quadrados. Euclides vai fazer por 15 mil graus quadrados do céu - pouco mais de
um terço dos céus.
A energia escura representa um problema
muito diferente, e é indiscutivelmente um dos principais problemas pendentes do
século XXI para a ciência. Esta força misteriosa parece estar acelerando a
expansão do universo. O Euclides vai investigar o fenômeno mapeando a
distribuição tridimensional das galáxias.
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